domingo, 30 de maio de 2010

Da Série: Cartas Imaginárias.

(...) e no início da tarde de um dia qualquer de um ano que passou...numa sala de espera, eu vi um menino pousar o seu olhar no vazio e escorregá-lo até o chão; até onde os sapatos dos outros pacientes se encostavam um no outro, sem desbotar as suas cores ou desfazer os seus  laços.
Então, eu olhei ao redor, procurando uma testemunha, mas só se um piano caísse do teto, em acorde menor, para que alguém mais ouvisse  as tristezas daquele menino... (como estava acontecendo comigo, naquele exato momento) 
Mas, intuitivamente, compreendi que era preciso mais. Era preciso que Van Gogh saísse de um dos quadros por engano. E também se sentasse ao lado dele, olhando apaixonadamente para o chão. Era preciso que Van Gogh ali estivesse furioso, pincelando as paredes ao redor, até que todos notassem o quanto um par de sapatos velhos podia ser assim, tão belo, quanto os silêncios de um girassol...
E foi exatamente como se eu estivesse revivendo aquela hora ... quando alguns anos depois... em um outro início de tarde...ao levantar o olhar,   te (re)conheci(!?) parada...sorrindo naquele aeroporto:  e viestes de braços abertos ao meu encontro, num andar discreto e de gestos silenciosos. Foi quando vi teu andar chegando de mansinho, numa coreografia de passos  tímidos, cansados, inaudíveis, suaves. E foi assim, Glória do Céu e da Terra...que vivenciei o primeiro momento em que afinal, vc minha amiga, minha irmã, minha barqueira preferida, chegou em minha vida, se aproximando com seus passos leves: sem assustar os passarinhos.
 ;o))
Petrah.
P.S. do CorAÇÃO: Vide,Ouça,Sinta, Viva o Vídeo a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=uCWVseJIDtw

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